EPIGENÉTICA: você não é apenas o que você come, mas também o que os seus pais e até mesmo o que seus avós comeram

O desenvolvimento e a manutenção de um organismo são orquestrados por uma série de reações químicas que ligam e desligam o seu genoma em determinados momentos e locais. A epigenética é o estudo dessas reações e dos fatores que as influenciam.

O nosso genoma responde dinamicamente ao "ambiente" - stress, alimentação, comportamento, exposição a diferentes toxinas e tantos outros fatores ativam os interruptores químicos que regulam a expressão dos nossos gens. Esses interruptores químicos formam o nosso epigenoma - uma espécie assim de "sombra" do nosso genoma.


Closed Captions em Inglês.

O epigenoma muda como resposta a sinais. Esses sinais veem de dentro da própria célula, de células vizinhas ou do mundo exterior. Os caracteres epigenéticos agem como uma espécie de memória celular. O perfil epigenétio de uma célula - uma coleção de caracteres que diz aos gens que se liguem ou desliguem - é a soma dos sinais que ele recebeu durante a sua vida.

A alimentação é um fatores ambientais que tem sido mais facilmente estudado, e portanto melhor entendido entre os fatores que promovem mudanças epigenéticas. Os nutrientes que extraímos da comida, entram em uma série de reações químicas metabólicas, onde são manipulados, modificados e moldados em moléculas que o corpo possa utilizar.

Uma dessas séries é responsável pela formação de grupos metílicos - um importante caractere epigenético que silencia os gens.

Nutrientes conhecidos como ácido fólico, vitaminas do complexo B e SAM-e (s-adenosil metionina) são componentes importantes dessa série de reações metabólicas. Dietas de elevado conteúdo desses nutrientes conhecidos como "doadores de radical metil", podem alterar a expressão de gens ainda durante o desenvolvimento fetal, quando o epigenoma começa a se estabelecer.

Experimentos com animais e observação em seres humanos, têm demonstrado o quanto a alimentação da mãe influencia na formação do epigenoma de seus descendentes. A dieta de sua mãe durante a sua gestação e o que você comeu durante a sua infância, podem ter levado a mudanças que permanecem até a idade adulta.

Aqui NESTE QUADRO pode-se ter uma idéia dos nutrientes que podem afetar o epigenoma, e os alimentos que os contém.

Estudos em animais têm mostrado que a deficiência de folato doador de metil ou colina durante a fase final de desenvolvimento fetal e no início da infância, causam uma sub-metilação de certas regiões do genoma para o resto da vida.

A boa notícia é que, nos adultos, apesar de uma dieta deficiente também poder levar a um decréscimo de metilação do DNA, essas mudanças podem ser revertidas com uma dieta adequada.

Na medida em que conhecemos mais profundamente as conecções entre a alimentação e o epigenoma, surgem possibilidades infinitas de aplicações no cotidiano e na clínica. Formado durante uma vida inteira de experiências iniciadas ainda no útero materno, nosso epigenoma pode vir a nos oferecer muitas informações sobre como nos alimentarmos melhor.

Vale a pena saber mais!